Uma das principais deficiências apontadas pelo técnico Emerson Leão assim que chegou ao São Paulo, em outubro do ano passado, foi a falta de comunicação da equipe em campo. O time depende muito das instruções do goleiro e capitão Rogério Ceni que, por ficar restrito à sua área, nem sempre é ouvido.

Para o jogo de domingo, contra o Botafogo de Ribeirão Preto, no Morumbi, na estreia do Campeonato Paulista, o goleiro está vetado pelo departamento médico, com uma lesão no ombro direito. E é aí que começam os problemas do treinador tricolor. Afinal, quem será o capitão são-paulino?

Rhodolfo e Luis Fabiano são as principais opções do técnico Leão  (Foto: Editoria de Arte/Globoesporte.com)

O volante Fabrício, que chegou para aumentar as cobranças dentro de campo, seria um candidato natural. Porém, o volante também não tem condições de jogo por causa de uma tendinite no tornozelo esquerdo. Nos treinos da semana, Leão tem incentivado cada vez mais o diálogo, mas ainda não definiu quem usará a tarja no domingo.

- Ainda não escolhi. Quanto mais jogadores falando, é melhor para a equipe - disse o comandante são-paulino.

Observando o time que entrará em campo na estreia, aparecem dois candidatos: o atacante Luis Fabiano e o zagueiro Rhodolfo. O primeiro, no entanto, apesar de ser um dos líderes do elenco, não tem o perfil de Rogério Ceni e ainda tem um temperamento mais explosivo que o goleiro. O segundo foi capitão no empate por 0 a 0 com o Vasco, pelo Campeonato Brasileiro. Naquela oportunidade, o camisa 1 também estava machucado.

O zagueiro Edson Silva deixou claro que a comunicação precisa ser uma das virtudes da equipe que busca comemorar um título após passar os últimos três anos em branco.

- Sem o Rogério, o time carece de uma pessoa que fale. O Rogério é o nosso capitão e, sem ele, todos precisarão dar sua contribuição. O zagueiro é sempre um bom candidato a ser capitão porque tem o perfil de organizador - disse o defensor.

Nesta terça-feira, duas comunidades carentes de Salvador receberam a visita do embaixador cultural dos EUA, Kareem Abdul-Jabbar. Ex-jogador de basquete, o americano de 64 anos é o maior pontuador da história da NBA, a principal liga de basquete americano. O ex-jogador visitou duas comunidades recém-pacificadas da capital baiana. Pela manhã, Abdul-Jabbar esteve no bairro do Nordeste de Amaralina, que recebeu uma base de polícia comunitária em 2011. O projeto do governo do estado é semelhante ao das UPPs no Rio de Janeiro.

Abdul-Jabbar bateu bola com as crianças da comunidade do Calabar (Foto: Eric Luis Carvalho/Globoesporte.com)

Após o almoço, Adbul-Jabar e a comitiva da embaixada norte-americana visitaram a comunidade do Calabar. Primeira localidade de Salvador a receber uma unidade da polícia pacificadora. O Calabar abriga um projeto chamado Basquete do Futuro e atende crianças de 10 a 17 anos. O ex-atleta palestrou para as 70 crianças que integram o projeto e moradores da comunidade.

- É um grande prazer estrar nesta tarde com vocês. O que eu queria falar é que vocês pensassem hoje, o que querem para as suas vidas. Eu vim de um lugar muito parecido com este. Um lugar onde as pessoas são na maioria negra, uma comunidade de pessoas carentes, como aqui. Quero dizer a vocês da importância dos estudos. Um bom desempenho na escola é fundamental. Aprendam também a língua inglesa. O inglês é a língua dos negócios – disse o embaixador americano, que nasceu Harlem, bairro da periferia de Nova Iorque.

Abdul-Jabbar falou sobre a sua história de vida para as
crianças (Foto: Eric Luis Carvalho/Globoesporte.com)

Visivelmente empolgadas, as crianças não esconderam a emoção de encontrar um dos maiores jogadores da história do basquete mundial. A maioria da turma ficou tímida diante dos 2,18 de Abdul-Jabbar. Mas um jovem com nome de outra lenda do esporte falou sobre a visita do embaixador americano.

- Esse dia sem dúvida, vai ficar gravado para nós. Como o dia em que o basquete mostrou pode nos dar um grande futuro. Ele foi um dos maiores de todos os tempos e saiu de um lugar como o nosso – disse Romário Bispo, de 18, morador da comunidade e integrante do projeto Basquete do Futuro desde 2007.

Apesar de incomodado pelo forte calor, Karem Abdul-Jabbar se mostrou descontraído e falou sobre vários assuntos. Perguntado sobre em quais jogadores da atual NBA os jovens brasileiros podem se inspirar, o ex-atleta citou dois nomes, um deles, um de um brasileiro.

- Atualmente a NBA tem muitos jogadores jovens. Muitos talentos. Acho que vocês precisam assistir aos jogos e buscar aquele que mais dá inspiração a vocês. Temos grandes jogadores em quadra. O Kobe Bryant, e o Nenê, que é um brasileiro como vocês – disse.

Apesar dos elogios a Kobe Bryant e a Nenê, Karem Abdul-Jabbar fugiu da polêmica ao ser perguntado sobre qual o melhor jogador da liga americana de basquete na atualidade.

- Não vou entrar nessa (risos). É algo que gera muita controvérsia. Temos vários jogadores bons e talentosos – disse.

Na quadra, uma aula com a lenda

Depois da palestra, as crianças convidaram o ex-atleta para conhecer a quadra onde funciona o projeto. Nascido em 1995, o projeto funcionava, anteriormente, em quadras da Universidade Federal da Bahia. No entanto, a pedido dos moradores, o projeto “entrou” de fato na comunidade. Nos poucos metros que separam a base comunitária da PM da quadra, Abdul-Jabbar recebeu olhares ainda desconfiados de moradores da comunidade. Ele conheceu a escola que funciona no local, e em seguida foi para a quadra.

Aplaudido de pé pelos garotos, Abdul-Jabar entrou em quadra. Ele deu uma verdadeira aula aos garotos, ensinando posicionamento, arremates e roubadas de bola. Depois repetiu o gesto que o colocou na história do basquete mundial. Bola nas mãos, arremesso e cesta.

Abdul-Jabbar arremessa e marca na quadra no Calabar
(Foto: Eric Luis Carvalho/Globoesporte.com)

Como em um arremesso decisivo, a comunidade inteira, até desconfiada com a gigante presença, vibrou junto, comemorando pontos imaginários, mas que podem ser decisivos na luta por oportunidades. O norte-americano ainda ouviu com a atenção, o relato de uma moradora da comunidade, que agradeceu a sua presença.

- Gostaria de agradecer muito a sua visita. Ao governo, eu diria que antes tarde do que nunca, mas é bom ter nossas crianças acompanhando exemplos de perto. Muito obrigado, senhor Kareem – disse Maria de Fátima, moradora da comunidade.

Sobre aplausos e palavras emocionadas do professor do projeto, Paulo Henrique Silva, o norte-americano deixou a comunidade.

- Para mim, é um momento de muita emoção. Eu assistia a NBA e via o Karem Abdul-Jabbar fazendo dupla com o Magic Johnson. Lembro dos confrontos memoráveis dos Lakers contra o Chicago Bulls do Michael Jordan. É um dia especial – definiu o professor.